21.4.10

Desconstruindo crenças

segue um trecho bastante importante de minha monografia:
A principal crença que o professor de LI precisa desconstruir é aquela na qual:

o inglês é representado (…) como uma língua universal, uma espécie de língua franca, um meio de comunicação que permite o trânsito para além das fronteiras lingüísticas. Consoante Pennycook (1994, p. 9), a expressão do inglês no mundo é vista como natural, neutra e benéfica: natural porque é resultado inevitável das relações de força globais; neutra porque se subsume que o inglês se desenraizara de seus contextos culturais originais, transformando-se num meio transparente e universal de comunicação; benéfica porque é uma condição para a cooperação e a equidade. O autor desmistifica essa representação, aparentemente apolítica, da mundialidade do inglês como língua neutra.
Tal crença é baseada em todo um arsenal teórico anglocêntrico que é posto em cheque por Renato Ortiz (2004). O autor analisa os trabalhos de diversos autores comprometidos com a aclamação da LI como o melhor e único caminho para a união entre os povos. Acerca disso, o autor afirma que essa idéia é “a afirmação de uma hegemonia travestida de verdade lingüística” (p. 2). Citando Bourdieu, Ortiz comenta que ao se eleger uma dada linguagem como referência em um determinado contexto interacional, “não se trata apenas de se comunicar, mas de reconhecer um novo discurso de autoridade” (Bourdieu, 1982, apud Ortiz, 2004). Enquanto professores de LI não compreenderem de fato que neutralidade é ilusão, estarão reproduzindo em suas salas de aula esse discurso de autoridade e se posicionando a seu favor – e contra a constituição identitária de seu alunado. Principalmente em caso de um alunado à margem do sistema.

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