25.4.10

Livros raros e a conveniência de sua raridade

Pode me chamar de louca e dizer que tenho mania de perseguição: acho muita coincidência que livros extremamente relevantes para a formação crítica do professor (especialmente do de LI) são praticamente impossíveis de encontrar.

O primeiro de minha lista é "A face oculta da escola", de Mariano Fernández Enguita. Esse é o livro que melhor explica a relação entre o modo de produção capitalista e a organização educacional, possibilitando ao leitor uma visão quase de raio X das relações sociais reproduzidas na escola. Foi um divisor de águas em minha formação. O único exemplar que vi (e li) era parte do acervo da biblioteca do Centro de Educação, na UFPE. Havia uns três exemplares e não podiam ser emprestados, porque estavam esgotados havia anos.

O segundo eu também encontrei naquela biblioteca, mas consegui comprar 6 anos depois, via sebo virtual. "Educação libertária" mostra elementos muito interessantes e provocadores do ideário educacional anarquista. O leitor desavisado esbarra na utopia de uma sociedade sem autoridades e deixa passar uma série de questões maravilhosas sobre como essa utopia poderia ser alcançada. "O único caminho para a liberdade é a própria liberdade" é uma frase que tem me servido demais em sala de aula na busca de uma prática docente libertadora (minha relação com meus alunos tende a se afastar da relação vertical per se e, se não atinge a horizontalidade, fica, digamos, diagonal (kkk)).

O terceiro estou descobrindo ainda e não poderei lê-lo na íntegra até vencer a tarefa de comprá-lo: "Linguística Aplicada Crítica" (Alastair Pennycook) parece ser a âncora da criticidade no ensino de LI. Um livro interessantíssimo que eu até agora me pergunto por que nunca foi trabalhado na faculdade. No momento sinto que ele está para o ensino de LI como "Preconceito linguístico" está para o ensino de língua materna: polêmico, transgressor e transformador.

Ah, se esses três livrinhos compusessem a biblioteca particular de cada teacher brasileiro... quantos adotariam o American Headway?

2 comentários:

Fabiana disse...

Quiridjinha, esses livros são relevantes para a formação crítica do professor no seu ponto de vista. Subversivo, é claro. =P

Natalícia Alfradique disse...

Prometo a Vc que virei com mais calma, até pq esse assunto muito me interessa.
Vi os dois. Volto com calma e muito doce pra alimentar o nosso ego.
Natalicia