22.5.10

O profressor frustrado

Ao longo do TTC os participantes aprendemos muitas coisas legais pra se fazer em sala de aula. De apresentações de conteúdo baseadas na abordagem comunicativa a jogos super eficientes que só exigiam quadro, giz e criatividade. Entretanto, muitos colegas traziam uma queixa comum: não conseguiam colaboração de suas turmas.

Imagine a situação: você rearranja toda a sua prática de ensino, adota elementos lúdicos, atividades de role-playing, você está ensinando seus alunos da Educação Básica a FALAR inglês, como eles sempre quiseram. Mas a turma não responde. Os alunos nem sequer parecem gratos. Não reconhecem seu esforço, pelo contrário: acusam o professor de não dar mais aula, ficar apenas brincando.

A frustração de um profe nessa situação é grande, não se engane. E eu falo com grande solidariadade aos meus amigos do grupo de formação continuada, que passaram por testes de resistência, de persistência, tiveram muitas crenças confrontadas, descontruídas e reconstruídas, num processo até doloroso. O TTC não foi fácil, mas não porque o curso tem conteúdos difíceis: foi emocionalmente exaustivo. Meus amigos do TTC/grupo de formação são pessoas de muita, muita coragem. Logicamente é de se esperar que a mudança traga frutos. Tanto esforço em vão? Não, gente, isso não é uma opção.

Tem duas questões aí: do mesmo jeito que a mudança na cultura do professor levou 6 meses pra começar a se consolidar, a mudança na cultura do aluno também vai levar tempo. Mudanças culturais levam tempo, Paulo Freire nunca enganou ninguém quanto a isso. O mais importante, acredito, é encarar a sala de aula como um laboratório. Uma aula que dá errado não é o fim dos tempos. É o início de tempos novos.

Lembro de minha primeira aula em cada turma minha este ano. Primeiro a carinha de descrença de meus aluninhos quando eu disse que queria saber o que achavam do ensino de inglês na escola, mesmo que fosse uma opinião ruim. Lembro da carinha de angústia boa, aquela angústia que antecede o fim de uma charada, na nossa primeira aula ministrada totalmente em inglês. Lembro do olhar de desespero na nossa primeira atividade de conversação, quando o português ficou proibido. E quer saber? Eles venceram tudo isso. Aos poucos, passo a passo, imperfeitamente... mas venceram.

Tudo isso exige tempo, paciência, muito, muito planejamento, conhecimento do perfil da turma, elasticidade e respeito pelo limite do aluno. Temos sempre que lembrar que ele só pode superar um desafio de cada vez.


Tem ainda outra questão crucial, mas vou deixar pra outro post, senão vai ficar imenso isso aqui.

3 comentários:

Pri disse...

Oi Pri! Também sou Pri, sou também "English teacher" e também vivo com os dois pés na graça de Deus, sem suportar as crentices dos crentes. Adorei seus blogs e as relexões que faz, estou te seguindo no twitter. Acho que a gente pode trocar muitas figurinhas. Beijos!!!

PriAliança disse...

Peraí... você sou eu?!

Um xero, Pri! Vamos trocar figurinhas sim!

Natalícia Alfradique disse...

Pri,
gostei do que li e percebo o seu engajamento. Concordo com vc qdo diz que mudanças significativas só se faz com perseverança e respeito aos aprendentes.
Sei o qto é difícil nos dias atuais se fazer compreender, principalmente se os alunos não estiverem comprometidos com o estudo. Reconheço também que além da cultura, a família possui uma grande responsabilidade no desempenho dos mesmos.
Se cada um de nós cidadãos, fizéssemos a nossa parte tudo seria mais eficiente.
Mas... Apesar de td acredito que ainda há tempo para mudanças.
Bjs, Nata