23.7.10

Reflexões monográficas

Defendi minha monografia de especialização terça passada. Foi uma experiência transformadora e libertadora. Tem noção do que é ter um doutor e um mestre mostrando o quanto ficaram inquietos com as reflexões que você suscitou? E a segurança que você precisa ter pra poder discordar deles no maior respeito? Uma discussão de cientistas - e eu era um deles!

Algumas palavras foram chave pra que a banca me caracterizasse como pesquisadora: corajosa, ousada e apaixonada. Mesmo diante de muitas críticas, esses três termos foram o suficiente pra me fazer sentir vontade de continuar.

Segue o trecho que meu crítico mais ferrenho definiu como "lindo, o coração do seu trabalho":

É importante ressaltar que se primordialmente a pedagogia crítica nasceu popular (às margens da sociedade, da prática à teoria) este segundo momento se caracteriza por uma natureza contrária, elitista (do centro (universidades) em direção à periferia , teorizada) (p. 4). Talvez por isso, por passar a ter um movimento também de cima para baixo, tantos educadores passem pelos bancos das universidades sem conseguirem efetivamente compreender o sentido da obra de Paulo Freire, vendo nela uma espécie de utopia mentirosa, de beleza fajuta. Afinal, se o caminho para a liberdade é a própria liberdade (como afirmava o ideário educacional anarquista), uma prática educativa libertadora não pode acontecer em meio à teorização, à redação de ensaios e resumos de leitura para fins de obtenção de nota. Professores tendem a reproduzir em suas salas de aula aquilo que vivenciaram em suas experiências de formação profissional. Como podemos exigir que um professor adote o diálogo como método primordial de ensino quando  seus próprios formadores (intelectuais, mestres, doutores) não dialogavam com aquele então graduando de igual para igual? Como esperar que um graduando em Letras faça, sozinho, sem ajuda, sem diálogo com um mediador, a ponte entre os princípios da pedagogia crítica e seu plano de aula de LI?

Um comentário:

Geise Kelly disse...

Já me dá um mal estar só de pensar que em pouco tempo vou passar por essa situação também. =S

Eu, não só concordo que algus professores tendem a reproduzir em suas aulas aquilo que vivenciaram quando ainda estavam na graduação, como também digo q há muitos q não se esforçam por mudar essa realidade. É até bom quando eles ainda reproduzem o que viram (sinal de que estudaram), e quando não?

Claro que o papel do professor é muito importante para desenvolver isso nos seus alunos. Sua mediação é que fará com que seus alunos (graduandos) alcancem êxito em suas atividades quando docente. Mas tem casos que é de "irritar".

Aproveitando o espaço, certo dia, quando eu estava em uma escola da rede estadual de ensino, e estava dando aulas de língua portuguesa, uma professora, que lecionava a mesma disciplina, clamava a Jesus Cristo chegar logo o tempo de sua aposentadoria, e ainda me perguntou se era isso (ensinar) que eu realmente queria para minha vida. Minha resposta foi o meu silêncio e cara feia. Saí e fui dar minha aula. Pode isso?

Por isso que a educação não vai pra frente. Vejam só quem está com o giz na mão (em casos como esse).

Isso me deixa indignada, Pri. Posso ter exagerado um pouco no tom, mas pense numa coisa que me irrita. Parabéns pela sua monografia. Aposto que vc defendeu muito bem isso, pois vc é "corajosa, ousada e apaixonada". E o tema é bastante relevante. Muito bom.