9.7.10

Reflexões

Vi tantos projetos legais no fórum de educação profissional que parei pra refletir sobre minha prática. Me percebi chinfrim. Por que eu não estou trabalhando com projetos? Por que eu tenho, dia após dia, a sensação de que pego muito leve com meus alunos?

Fiquei me sentindo mal por algumas horas. Mas logo em seguida lembrei de outras coisas. Eu tenho 18h/aula por semana, fora 4h/aula de reunião. É muito? É não! Não quando você é só professor e tem liberdade de fazer o projeto didático que quiser fora de sala de aula. Não é o meu caso.

Eu tenho uma coordenação pra tocar. Não parece muita coisa, mas passa a ser uma tarefa homérica quando você decide levá-la a sério e fazê-la bem-feita. Basicamente meu trabalho hoje é de líder de torcida: é minha a responsabilidade de fomentar a pesquisa na escola. Aí vem: temos muitos servidores sem currículo na plataforma Lattes, vamos sensibilizá-los para que criem o seu; temos outros tantos com seu Lattes desatualizado, vamos encher a paciência deles para que atualizem seus currículos; temos grupos de pesquisa que sequer se reúnem, vamos incentivá-los a retomarem seus encontros e atividades de grupo; temos alunos que nem sabem pra onde vai esse negócio de pesquisa, vamos então às apresentações, aulas, cursos de metodologia da produção acadêmica; temos servidores que jamais se engajaram em pesquise, vamos sentar com eles e descobrir um objeto de estudo interessante. Fora a organização de congressos e seminários de divulgação científica.

Eu tenho um grupo de formação pra tocar. Eu sou professora de Ensino Médio. Isso significa que os problemas que chegam até mim têm sua origem em algum dos 9 anos anteriores da escolaridade de meus meninos. No caso de LI, nos 4 anos do Ensino Fundamental II. E mais: minha escola se propõe a colaborar com a formação de professores da educação básica das redes estadual e municipal. Some-se a isso uma série de descobertas sobre o papel político do professor de LI e do próprio ensino de LI na escola brasileira - essas descobertas geralmente não são oportunizadas na graduação em Letras. Não posso simplesmente me voltar pra meu próprio umbigo e reclamar da prática de meus colegas de disciplina sem dar minha cota de contribuição. Ano passado propus um curso de capacitação de professores de LI. Um dos depoimentos, de meu colega queridíssimo Joaquim, afirma que o último evento que havia reunido teachers da região havia acontecido em 1997.

Eu tenho uma metodologia simples e praticável pra desenvolver. Em sala de aula eu busco sempre atender aos anseios de meus alunos (desenvolver a oralidade) de uma maneira que não exija materiais e recursos que sejam escassos em escolas públicas em geral. Meus jogos utilizam giz/marcador e quadro. No máximo papel colorido e cartolina. Dado o desempenho dos alunos, acho que está dando certo.

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Parece que eu estou envolvida em projetos, afinal.

2 comentários:

Luis Tertulino disse...

É emocionante! Muita svezes nem nos damos conta de o ensino não tá apenas numa versão "HORRÍVI" de um monólogo shakesperiano!
Ainda mais onde essa pessoa trabalha, que é uma instituição de alta qualidade, que necessita de um trabalho desses no final do curso e também no futuro!
Rumo às pesquisas!

Geise Kelly disse...

Pri agora falou sério. Nem sorri tanto como costumo das outras vezes.

Nem vou falar tanto aqui. Isso foi uma bronca para mim também. Lattes desatualizado, não me encontro com meus colegas do grupo de pesquisa... (sem mais comentários).

Eu, como estudante também do IFRN (e mais como graduanda do curso de Letras), também acho que é um "absurdo" os alunos não saberem sequer o que é pesquisa. Eu sinceramente, no meu primeiro ensino médio, pesquisa para mim era procurar o que era solicitado nos livros e copiar o que tinha nele para o meu caderno ou folha de papel pautado. Depois entregava a profe e... a nota? A nota? ........... 10,0.
O que foi que eu aprendi com essa pesquisa? Cri, cri, cri (grilos).

Acho que a pesquisa é muito importante. Motivar não só os alunos a pesquisarem, mas também todo o corpo que integra uma instituição de ensino é o que vai fazer a diferença. Uma instituição de ensino não foi feita apenas para colocar cadeiras e alunos sentados nelas para que esses aprendam. A própria instituição é um ser que aprende. Isso mesmo... um ser!!! Ela não é concreto, estrutura que foi feita para compotar pessoas que querem aprender. Ela tem que aprender juntamente com essas pessoas. Isso é o que faz uma Instituição de Ensino.