14.9.10

Superando paradigmas

André Magri é meu aluno, fez intercâmbio e é professor substituto do município de Ipanguaçu. Ele é também voluntário de um projeto de extensão que pretende oferecer um curso básico de inglês pros trabalhadores da educação no município, então ele recebe um treinamento/capacitação baseada em uma série de princípios e crenças que a coordenadora do projeto (eu!) traz consigo e executa em sala de aula.

Trabalhando em parceria com seu colega professor de inglês, André "invadiu" a aula do teacher e pôs em prática, numa turma real de 7o ano (antiga 6a série) do Ensino Fundamental, numa escola pública municipal na comunidade de Tabuleiro Alto, a 22km do centro de Ipanguaçu. Vejam o depoimento do rapaz:
Bem, tive uma experiência bem legal e proveitosa com meus alunos do 7º ano do ensino fundamental no ensino da língua inglesa, a qual prefiro designar de "língua dominante". Foi um momento de descontração, descobrimento e, acima de tudo, aprendizagem! A aula era, tipo, um exemplo de diálogo comum e inicial de reconhecimento/apresentação entre duas pessoas. Tudo foi em Inglês!!! Sim, as crianças no início acharam o negócio de ter uma aula de inglês em inglês meio "doido", nas palavras deles. É compreensível, mas não me rendi diante disso! A aula rolou do jeito que começou, com a exceção de que com os gestos, pulos, expressões e mais um monte de coisas que fiz em pleno ato de desespero (risos) para os meninos entederem o diálogo, eles conseguiram entender mesmo e o melhor: acharam muito divertido!
Por exemplo: A situação inicial era centrada no mais que conhecido "Hello! I am fulano". Assim, eu falava a frase me apresentando e o comando era que todos repetissem em alto e bom som a mesma coisa, independentemente de que os nomes deles fossem ou não igual ao meu. Depois, os "boys" repetiam sozinhos, mas com uma voz bem grossa e expressão mais máscula, digamos. E, por fim, as "girls" com vozinha fininha e expressão beeem afetadam repetiam o tal "I am fulano". Foi bem interessante esse processo, porque os estudantes praticaram mesmo a pronúncia e também puderam atribuir contextos à fala, no caso das expressões faciais e vocais.

Em seguida, e em duplas, eles praticaram o diálogo entre eles, apresentando-se e esperando o outro se apresentar. Nessa etapa da aula, eles praticaram o que haviam falado na apresentação inicial. E isso foi importante devido à necessidade, dentro do aprendizado de qualquer língua estrangeira, de por em prática o que se vê na teoria. Por fim, eles partiram para a escrita, baseando-se lá no nosso diálogo da apresentação, substituindo os dados de "fulano" pelos seus próprios e os de seus parceiros de atividade na etapa 2, a prática. 


Tudo foi muito válido, porque os meninos puderam se aproximar realmente da Língua Inglesa de uma maneira que não tem como objetivo intimidar o alunado com "complexidade" ou "atenção! isso é muito difícil, gente!". O momento foi de aprendizagem mútua, pois tanto eles quanto eu pudemos nos divertir muito criando contextos diversos de aplicação para um simples, mas muito útil, diálogo de apresentação. "Professor, a aula de inglês em inglês é mais interessante", disse-me um aluno ao fim da aula. Eu só concordei na hora, mas por dentro fiquei deveras feliz com as palavras dele. Detalhe pessoal, sou marinheiro de primeira viagem nesse negócio de dar aulas de língua inglesa, apesar de dominar um pouco o idioma. Na verdade, sou professor de Língua Portuguesa da mesma escola.

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