8.11.10

(Sobre o ENEM #1) Comer camarão em casa...

... e sair pra fazer exame de sangue. Burrice, não?

Todo mundo que já fez exame de sangue sabe que existem muitos pré-requisitos pra cumprir antes de chegar ao laboratório. Dependendo do que se quer verificar, há o jejum de 8 ou 12h, nada de crustáceos por uma semana, repouso e assim por diante. Descumprir essas recomendações não é errado ou feio - é simplesmente sem sentido. Não adianta. Nem vale a pena se dar o trabalho de ir ao laboratório e (no meu caso) levar umas 5 agulhadas inúteis até que chamem a enfermeira mais experiente da casa pra achar a veia da gente, que é "fina demais" (aff, como eu sofro...). Esse exame não vai diagnosticar nada que sirva pro seu médico.

Enxergo o ENEM pela mesma perspectiva. o EXAME Nacional do Ensino Médio nasceu pra ser isso mesmo: um exame. Era pra diagnosticar questões relacionadas à qualidade do ensino médio. Era pra se tornar referência, como as taxas de colesterol: você tem que estar nesta ou naquela faixa pra estar bem. Se não estiver, tem algo errado e temos que tratar.

O ENEM tem tudo pra se torna uma referência benéfica pra gente. Não se baseia em questões pontuais. Não se baliza pela "decoreba" ou pelo academicismo precoce e imaturo que muitos vestibulares exigem. As questões tratam do dia-a-dia do país e os conteúdos se atravessam mutuamente. Em vez de andar numa corda bamba, o examinando conta com uma rede - vários conhecimentos entrelaçados. Uma consequência desejável disso seria que as escolas passassem a perceber a importância de trabalhar também dessa forma em sala de aula. O ENEM anda de mãos dadas com as diretrizes curriculares. Se estas forem cumpridas, tudo deve dar certo. Princípios pedagógicos críticos e reflexivos permeiam as diretrizes e o exame - e deveriam permear o ensino também.

E aqui começa o problema do paciente rebelde.

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