“Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” (Provérbios 4.18)
Ontem eu recebi uma injeção de esperança.
De todos os momentos brilhantes do encontro de Nicolelis com os blogueiros sujos, um em particular ecoa até agora na minha mente: Miguel denunciou o utilitarismo educacional e uma de suas consequências nefastas, a morte da utopia, a morte do sonho.
Como cristã, sei que não sou perfeita e nunca serei. Usando as palavras lindas de Tom Fernandes, sou apenas uma palhaça no picadeiro da vida, contando com o riso solidário do criador quando me meto em encrenca. Apenas uma cristã diletante. Mas também a minha fé me ensinou que mesmo que eu nunca seja perfeita, eu tenho que continuar tentando.
Levo isso pra todos os aspectos da minha vida, em alguns com maior sucesso, em outros com menor, em outros ainda com um total e completo fracasso. Mas continuo tentando. Na minha sala de aula e nos meus estudos eu assumo posturas que somente uma professora sonhadora assumiria. Eu tenho que fazê-lo. Quantos teachers vocês conhecem que se dispuseram a (tentar, pelo menos) trabalhar a oralidade em salas de aulas de 40 meninos e meninas quando uns 30 afirmavam nunca terem aprendido nada de inglês na vida - e contando apenas com 2 aulas por semana? E esse desafio quem propôs não fui eu: ELES decidiram o que queriam aprender. Quantos teachers vocês conhecem que, mesmo tendo tantas dúvidas, mesmo cheios de incertezas, mesmo em busca ainda de respostas pra mais perguntas do que eu posso lembrar agora, resolveram juntar um monte de outros teachers (muitos cheios de dúvidas, outros com muitas certezas) pra que se eduquem uns aos outros? QUANTOS TEACHERS VOCÊS CONHECEM QUE BUSCAM SOLUÇÕES PARA SUA PRÁTICA DE SALA DE AULA NA EDUCAÇÃO LIBERTADORA, NA LINGUÍSTICA APLICADA CRÍTICA E NO ANARQUISMO, FOR CRYING OUT LOUD? Diga se isso não é coisa de gente
Houve coisas importantes que deixei de fazer em 2010 por falta de utopia. Por falta de esperança. Não quero deixar isso acontecer em 2011. Quero ser a professora mais engajada, esperançosa e apaixonada que meus alunos já tiveram na vida - ainda que de uma disciplina relegada à categoria de "submatéria", tratada como apolítica e mecanicista.
Minhas dúvidas persistem. É difícil caminhar cheia de dúvidas assim. Mas eu tenho esperança. Creio na utopia de uma educação tão plena que seus sujeitos sabem exatamente quais seus direitos e deveres, a ponto de não precisarem delegar autoridade. Acredito na utopia da autonomia absoluta do sujeito.
Eu creio.
EU CREIO!
E por isso, busco.